Voando Sozinho

A internet permitiu que muitos escritores independentes realizassem o sonho de publicar seus livros. Nesta reportagem você vai conhecer a trajetória de alguns desses autores, saber quais são as etapas de publicação e compreender um pouco mais sobre esse universo

Boa leitura!

“Voando Sozinho” é uma longform, resultado do Trabalho de Conclusão de Curso da graduação de jornalismo de Cecília Sampaio e Mariana Guimarães, com orientação da professora Gabriella Luccianni, pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás.

Ao todo foram 52.499 caracteres, distribuídos em 3 reportagens, 2 colunas e 2 crônicas, além de uma entrevista em vídeo, 9 vídeos complementares e diversas fotos para compor esse site.

Aproveite a leitura!

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Histórias que precisam ser contadas


Por trás da produção de cada livro existe uma longa jornada muitas vezes solitária. É preciso persistência e criatividade para não desistir do sonho de publicação. Conheça as histórias de cinco autores que foram até o fim dessa batalha!


Um bom livro te prende por horas, mas uma boa história pode marcar toda a sua vida. Gabrielle, Thais, Saulo e Júlia são autores brasileiros que possuem livros publicados de forma independente, sem a mediação de uma editora. Praticamente sozinhos, eles encararam o desafio de escrever, editar e divulgar seus livros. Em comum, carregam o sonho de serem conhecidos pelo público, o esforço para entender de marketing e vender suas obras.

Cansaço e aprendizado

Era final de 2018 quando me deparei com o perfil da mineira Gabrielle Venâncio Ruas no Instagram. Seus livros tinham capas escuras e diferenciavam-se muito dos romances cor de rosa com os quais estava acostumada, mas gostei dos quotes, então, entrei em contato e comprei os volumes 1 e 2 da saga “Angellore - a divina conspiração”.


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Fonte: Instagram da Gabrielle V. Ruas

Na época, escrevi uma resenha sobre a obra. “É um enredo cativante e incrivelmente bem pensado. Em inúmeras vezes tive vontade de perguntar o que se passava pela cabeça dela porque não é possível alguém ter a ideia desse livro do nada”, afirmei no texto.

Passaram-se cinco anos desde a minha compra e, quando procurei a conta do Instagram pela qual conversamos em 2018, ela estava praticamente abandonada (poucos meses se passaram até ela ser excluída). Quando Gabrielle respondeu minha mensagem no direct, pediu para que conversemos em sua nova conta, destinada à divulgação de suas obras.

O primeiro livro da autora foi publicado há 11 anos. De lá para cá, o entusiasmo da jovem com a profissão foi diminuindo. Desde o lançamento de “Angellore – A divina Conspiração: Pandemônio”, quarto volume e último da saga,

em 2019, e acredita que se encontra em estado de “burnout da escrita”.

Gabrielle atribui o esgotamento psicológico à falta de reconhecimento do mercado, um problema enfrentado pela maioria dos escritores independentes. Durante nove anos, dedicou-se à construção de um universo cheio de anjos caídos, demônios, visões e paixão. Ela brinca

que o primeiro volume, com 245 páginas, saiu sem muito trabalho. Conforme as páginas iam sendo escritas, sua responsabilidade aumentava. “À medida que eu ganhava aquela noção de realidade, que eu precisava escrever um bom livro, que eu queria aprender com o que estava fazendo, isso foi bem cansativo”, conta.

Formada em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais, ela atua profissionalmente como revisora de textos e corretora de redações.

Fonte: Instagram da Gabrielle V. Ruas

A falta de reconhecimento também desmotivou a jovem escritora. “Se você não tem os contatos, se você não tem grana para investir em propaganda, é muito muito difícil”, explica. Sem sucesso, ela ficou cinco anos sem escrever.

Antes de publicar de forma independente, Gabrielle enviou seu trabalho para editoras. Chegou a ser convidada por uma editora pequena para lançá-lo, mas a proposta era desvantajosa. Passou por uma segunda editora, ainda antes de optar por ser a única responsável pela obra.

Em sua opinião, faltava transparência na maneira como o livro seria vendido. “Eu acabei decidindo ficar por conta própria, ser independente. Foi uma ótima decisão, só que infelizmente é muito cansativo”.

Gabrielle é responsável por praticamente todas as etapas da produção de seus livros. Ela é revisora e diagramadora, não arrisca ilustrar, pois acredita não “ter todo esse alento”.

Uma das dificuldades apontadas pela jovem escritora é o preço dos livros vendidos de forma física, considerados caros pelos leitores, independentemente da plataforma de publicação. Pelo site da Amazon, o e-book é bem acessível, R$1,99 cada, além de estar disponível no Kindle Ulimeted. Mas, na versão impressa, é impossível manter preços tão baixos.

Em relação ao cenário nacional de compra de livros, ela acredita que “se elas querem o livro, compram, independentemente do preço”. Isso é facilmente comprovado com o sucesso de editoras como a Darkside e a Martin Claret, especializadas em edições de luxo com valores que passam de R$ 100,00. Diferentemente, o primeiro volume da sua saga, que custava em torno de R$ 20,00, era considerado caro.

Na época, Gabrielle lembra que vendeu exemplares de livros físicos suficientes para não levar prejuízos, mas considera impossível

sobreviver da venda de livros. Ela avalia que precisa conhecer melhor seu público e aprender a lidar com a divulgação principalmente no Instagram, onde publicará sobre seu novo projeto, ainda em desenvolvimento.

Na visão de Gabrielle, o contato com os leitores é fundamental para o sucesso. Prova disso foi a realização dessa entrevista, num sábado à tarde! Apesar das dificuldades, ela pretende continuar publicando e sonha em alcançar mais pessoas.

Multitarefa

Era final de 2021, todo mundo já tinha inventado novos hobbies por causa da pandemia da Covid-19, enquanto eu mexia no Tik Tok e me deparei com uma garota de cabelos azuis dizendo que faria seus próprios livros físicos. Seu nome é Thais Bergmann, escritora de 28 anos.

Fonte: Tik Tok da Thais Bergmann

Até aquele momento Thais só havia publicado livros em formato digital e sonhava com uma versão física, então, por que não fazer ela mesma? Ela inovou no marketing de seus livros publicando o passo a passo de como criar sua própria versão física e todos os perrengues que atravessaram seu caminho.

Thais conta sorrindo que a escolha da profissão veio assim que terminou a leitura do primeiro livro da Meg Cabot, conhecida pela obra “Diário da Princesa”, adaptado para filme em 2002. “Eu fechei o livro e pensei: é isso que quero fazer da minha vida, quero escrever um livro de 300 páginas”, lembra. Na época, ela tinha por volta de 13 anos e escreveu sua primeira história: “O garoto da farofa”.

Aos 16 anos, começou uma pesquisa para entender como funcionava o mercado editorial, mas só publicou o primeiro livro aos 24 anos, com apoio da sua agente literária, Increasy Consultoria Literária, que realiza o trabalho de

consultoria, agenciamento de autores, orientação de escrita e revisão.

“É muito difícil para a gente como autor ter contato com a editora. Elas recebem um milhão de livros. Se eu mandar meu livro para editora nunca vai parar para ler. A agência tem um contato mais direto”, explica.

Como escritora independente, Thaís era responsável pela diagramação das suas obras. “Paguei pela diagramação uma vez só e me arrependi, desde então eu mesma faço a diagramação. Aí capa e arte eu sempre contrato o ilustrador”, conta Thais. Agora, reconhece que perderá autonomia sobre todo o material, mas elogia sua editora por sempre discutir as decisões tomadas.

O autor ganha maior visibilidade, consegue chegar às livrarias, mas perde no quesito financeiro. “Para tu ganhar dinheiro com livro publicado pela editora tem que vender muito mais do que na Amazon”, conta.

Tais sempre ouviu que o trabalho começava mesmo depois de publicar, mas desacreditava. Achava que era só publicar e deixar disponível, até que testou sua tese no lançamento do primeiro livro e o número de vendas foi pequeno. A saída foi investir no marketing. “A gente faz tudo. Tem que escrever, editar, preparar o livro, fazer marketing... E aí não tem horas no dia ´para fazer tudo isso”, desabafa Thais.

Hoje, a escritora usa principalmente o Instagram e o Tik Tok como meios de divulgação. Os vídeos curtos ser tornaram aliados tanto na produção de contudo quanto na repercussão dos livros. Ela sempre busca inovar e realiza “parcerias”, disponibilizando uma cópia online do livro para influencers. “Normalmente quem se inscreve para parcerias são perfis menores [...] eu costumo dar brinde para todos que participam.” Com influenciadores maiores, que consequentemente darão mais visibilidade,

que consequentemente darão mais visibilidade, ela paga pela publicidade.

Durante a pandemia Thais criou um elo com os leitores através da realização de lives diárias na Twich. Esse laço é um modo de se manter animada e deixar os leitores cada vez mais engajados em divulgar seus livros. Além de todas as atividades, trabalha na empresa da família no turno vespertino, pois financeiramente é inviável viver apenas como escritora.

A força da comunicação face a face

Era 23 de outubro de 2022 quando conheci Saulo Alves na Bienal de Brasília. Ele parecia ser o autor mais empolgado do estande e apresentava tanto sua obra quanto a de seus colegas. Perguntei-lhe se era escritor independente e ele respondeu sorridente, “sim”. Naquela época, eu sabia que ele podia ser uma boa fonte.

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Fonte: Instagram do Saulo Alves

Quando me cedeu a entrevista, percebi que, além de autor, Saulo era fã de mundos fantásticos. Na chamada de vídeo, notei que seu escritório é cheio de livros, quadros e miniaturas do universo geek, parte do que o formou autor de fantasia.

Publicou seu livro “As crônicas de Citarion” em 2021 e, apesar de ser positivo quanto ao futuro da obra, é realista sobre a possibilidade de se sustentar trabalhando apenas como escritor. “Ainda não consigo, nem acredito e nem quero também... Querer a gente sempre quer, claro. Esperar a gente também sempre espera. Mas não dá para viver de livro”, conta ele.

A literatura entrou em sua vida na 5ª série, quando leu o conto “A droga da obediência”, de Pedro Bandeira, famoso escritor de livros infanto-juvenis. Saulo conta empolgado como, décadas depois, por meio das redes sociais, conseguiu entrar em contato com Pedro Bandeira.

“Pude agradecê-lo pela maravilhosa contribuição para minha vida”, lembra.

Aos poucos, seu gosto literário foi sendo aperfeiçoado até chegar aos mundos fantásticos da fantasia. “A fantasia é onde jaz a minha paixão”, afirma Saulo. O brilho em seu rosto comprova exatamente isso.

Apesar de sempre ler muito e ter vontade de publicar uma história, nunca tinha tempo para escrever. A carga horária como professor impedia a dedicação à escrita.

A pandemia deu a Saulo o tempo que precisava. Ele descobriu que escrever o alegra e acalma, tudo o que precisava naquele momento tão difícil. “Participei de uma antologia que o edital pedia que escrevêssemos algo mais para o terror, ficou legal, eu gostei [...], mas foi bem mais difícil. Acabei fazendo um terror mais fantasioso e entendi que a fantasia é o meu gênero”, explica Saulo.

O escritor conta sobre sua maior inspiração na literatura: “Tolkien, não tem como não ser. Tolkien é o pai da fantasia moderna”. O autor de “O senhor dos anéis” realmente é uma referência no gênero para qualquer um, mas Saulo também cita C.S. Lewis, autor de “Narnia” e influências dos jogos de RPG.

Saulo chegou a procurar algumas das grandes editoras conhecidas por publicar fantasia no Brasil, mas desanimou ao ver respostas padronizadas para autores desconhecidos.

“Parece que eles têm um roteiro de resposta padrão, não muito interessante em pegar alguém desconhecido, ainda mais, no meu caso, sendo minha primeira obra”, desabafa.

Depois dessa frustração, o autor assume que não sabe se aceitaria publicar futuramente com uma editora, mas está feliz por hoje usufruir de sua liberdade criativa.

Saulo descobriu por meio de pesquisas no Google, que podia publicar de forma independente. Depois de muito procurar por algo que lhe desse liberdade de criar, e não ficasse preso a contratos injustos, encontrou a Editora Lux, que fazia mais um serviço gráfico e não exigia parte nos lucros.

A editora fornecia uma capa genérica para o livro, o que não agradou o escritor, pois, na sua concepção, os livros devem prender o leitor já na capa. “Procurei pessoas no Brasil inteiro e no final estava aqui do lado, em Brasília, a Juliana é uma artista incrível”, conta Saulo. Além de ilustradora, Giulia Bokel é autora independente da Trilogia Os Herdeiros de Galshyntov, também do gênero de fantasia.

Depois de tudo decidido, chegou a hora da primeira tiragem. A Lux foi responsável pela correção do livro, além da diagramação e impressão de inicialmente de 200 cópias.

“Acabou que na primeira edição passaram alguns erros. Depois, minha esposa, que também é revisora, fez uma outra revisão mais minuciosa, e minha cunhada também”, explica ele.

Diferente da maioria dos autores que surgiram na pandemia, as vendas feitas por Saulo, em sua maior parte, são realizadas em feiras literárias e geeks, além de eventos escolares. “Se eu consegui vender, através das redes sociais, 1% dos exemplares que vendi (presencialmente) até hoje é muito”, explica.

O lucro nunca foi o objetivo de Saulo. Seu desejo é que o público goste da história, por isso, vem tentando alcançar mais pessoas, uma de suas maiores dificuldades.

As obras do escritor podem ser encontradas na Amazon, em formato de e-book, e estão disponíveis para leitura pelo Kindle Ullimited. Os novos contos podem no formato de áudio book no Spotify.

No perfil de Saulo no Instagram, há links para as antologias de contos das quais fez parte. Seu trabalho também é divulgado por meio de palestras sobre o poder da leitura, na qual traz os benefícios e as vantagens desse hábito.

“Tem uma escola onde o livro foi adotado como projeto de leitura. O pessoal gostou e até recebi um vídeo de agradecimento depois”, relata.

Como escritor independente de fantasia, Saulo teve muito mais acesso a outros colegas de profissão e afirma que o Brasil pode ter grandes nomes da fantasia contemporânea se abrir mais espaço para aqueles que não contam com grandes editoras.

Com um sorriso no rosto, deseja que seu livro cresça, alcance público em todo o Brasil e sonha em, um dia, ser entrevistado em um programa de televisão para falar sobre sua obra.

Por trás do marketing literário

Em 2019 conheci o trabalho da paulista Júlia Costa, que até então era apenas uma book influencer. Em 2020 ela começou a publicar seus livros. O curioso é que, segundo ela, a leitura não era um hábito. “Com 16 anos eu comecei a namorar e a minha ex-sogra, minha amiga até hoje, era escritora. Aí eu pensei: ‘vou ter que ler o livro dela’. Leu e começou a se interessar pelo mundo literário. O relacionamento terminou, mas a sogra, a autora Cris Valori, tornou-se uma grande amiga.

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Fonte: Instagram da Júlia Costa

O maior marco de sua carreira foi a participação, como autora, da Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Seu maior sonho é publicar um romance, já que até o momento só escreve contos.

A primeira publicação independente da autora foi o conto “Garotos como você”, em maio de 2022, na Amazon. Pensava que seria uma boa renda extra, mas não foi o que aconteceu. “Como meus contos na Amazon são bem curtinhos, eu recebo muitíssimo pouco.”

Durante suas primeiras publicações, Ju ficou ansiosa, queria que tudo estivesse pronto o mais rápido possível. Acredita ter pecado mais em sua primeira duologia composta por “Garotos como você” e “Garotas como você”.

Chegou a contratar uma revisora para o primeiro livro, mas, depois da publicação, soube que a “profissional” não tinha qualificação para a função e seu trabalho desqualificou a escrita do livro.

O hábito de ler, com o tempo, deu origem à conta de Instagram @atrasdaspaginas. “É o meu mundinho e uma renda extra, bem melhor do que a de escritora”, afirmou Júlia. Já a paixão pela escrita é anterior. Sua primeira escrita viralizou na época do colégio, quando escrevia fanfics sobre Juliana Paiva e Rodrigo Simas, atores que protagonizaram o caótico casal Bruno e Fatinha durante “Malhação - Escolhas”. Na época a história era compartilhada em seu perfil no Instagram dedicado a eles.

“Antes eu já tinha escrito um livro de autoajuda. Olha a mente de uma criança! [...] Eu tenho esse arquivo até hoje e tenho vergonha dele”. Em 2019, participou de um concurso da Qualis Editora e seu conto, sobre a história dos personagens Matheus e Fernanda, foi selecionado para integrar a antologia “Empodere-se”. Dessa forma, seu primeiro contato com o meio da publicação deu-se a partir de uma publicação por uma editora.

Em sua última publicação, “O amor acima de tudo”, Júlia conta que o processo foi mais lento. Dessa vez ela escreveu o livro e fez a capa, sem pressa, passou para uma amiga ler e dar opinião e depois mandou para uma revisora qualificada.

Em comparação com seu primeiro trabalho, feito em um mês, o último, escrito há um tempo, ficou por três meses nos processos de revisão, capa, diagramação e uma nova revisão. Uma diferença que mostra seu amadurecimento como escritora e um controle maior da ansiedade de publicar.

Júlia não pensa em publicar por uma editora no momento. Percebe que só agora alguns escritores menores, devido à visibilidade, estão sendo notados pelas editoras ainda sem contratos vantajosos. Prefere continuar como estudante de marketing e social media, pois ganha melhor.


Os conhecimentos adquiridos na faculdade, como o impulsionamento por tráfego pago, são utilizados na hora de divulgar seus novos trabalhos. Ela também presta serviços a outros autores como social media, sua principal fonte de renda. Inclusive a escritora Cristina Valori é uma das que contam com os serviços de Júlia.

Descrição: citações dos livros dos autores entrevistados

Como se tornar um autor independente?

Black Scribble Border

Conheça formas independentes e alternativas de criar, escrever, revisar, editar, publicar e lançar um livro a baixo ou nenhum custo, sem a necessidade de uma editora


Quase todo mundo tem uma história para contar, mas a realização do sonho de publicar essas histórias ainda é algo distante para a maioria das pessoas. Para aqueles que possuem poucos recursos financeiros, a autopublicação é uma alternativa que busca viabilizar o compartilhamento de seus escritos.

Nessa opção, o autor assume a responsabilidade por todos os aspectos do processo de publicação, incluindo a edição, design da capa, formatação, marketing e distribuição. Dessa maneira, controla toda a obra, desde a temática a ser abordada até a estratégia de lançamento e promoção, após finalizado o produto.

Por onde começar?

Parece cansativo passar por cada uma das etapas de criação e produção de um livro, mas há meios terceirizados de realizar alguns desses processos.


Para isso, não é preciso ser um escritor famoso ou a pessoa mais culta do mundo, basta apenas ter uma ideia, escrever bem e ter vontade de que seu livro chegue até o público.

Algumas plataformas que prestam o serviço funcionam como uma espécie de ‘livraria’. Disponibilizam os livros publicados independentemente de forma gratuita ou cobram um valor simbólico dos autores ao utilizarem o ambiente de publicação virtual.

Este valor coletado pelas plataformas analisadas é calculado em cima do preço da venda do produto, definido pelo escritor.

Clube de Autores e UiClap são duas ferramentas que auxiliam o autor no processo de produção da obra, e posteriormente na publicação. Plataformas como a Scriv funcionam como uma espécie de estante para o leitor e um acervo para o escritor, podendo publicar a sua obra por capítulos.

O Kindle Direct Publishing (KDP), modalidade da Amazon, apoia o escritor ao permitir que ele disponibilize e venda o livro no site. O ambiente é de fácil acesso e livre consumo.

Há também a possibilidade de monetizar o conteúdo, na qual o lucro maior é destinado ao autor e a plataforma é apenas a ponte para o aproveitamento do conteúdo, caso da “Scriv”.


Animado com a ideia da publicação de uma obra escrita por você? Então, vamos lá!


Fonte: reprodução das autoras

Início

É essencial que você saiba o que quer escrever. Se já tiver parte ou todo o material escrito, pode começar a definir o formato, por meio de simulação nas plataformas. Simulação? Sim! Clube de Autores e Uiclap possibilitam que os autores façam esse exercício, se desejarem publicar um livro físico e não e-book. O simulador permite adicionar número de páginas, tamanho e formato do livro, como, por exemplo, A4, A5 e pocket, coloração e tipo do papel. Também é possível definir o valor que deseja receber por venda, tanto em e-book, quanto no livro físico.

Na Amazon KDP, é necessário ter o manuscrito e a capa já finalizados. Basta fazer o cadastro no portal e aceitar os termos e condições do Kindle Direct Publishing. Todos os itens devem ser lidos para evitar transtornos no futuro. A plataforma ‘Scriv’ trabalha apenas com a publicação online do material. O autor pode definir o preço para acesso ao conteúdo. Após essa simulação, começam a diagramação e a confecção da capa, podendo fazer a contratação de um capista.

E depois?


O próximo passo é a revisão. Aqui, para aquele autor que não quer, ou não pode, arcar com custos terceirizados, é o momento de fazer uma força tarefa com pessoas próximas para a leitura da obra a fim de eliminar erros que passaram despercebidos na primeira correção.

A etapa seguinte é a publicação. O processo é bem simples, pois as três plataformas citadas oferecem amplo apoio ao autor. Nos casos da ‘Clube de Autores’ e ‘Uiclap’, existe a opção de fazer o lançamento do livro nos pontos físicos dos portais de autopublicação.

O autor pode escolher se deseja exemplares impressos ou apenas o e-book nos marketplaces e parceiros das plataformas que revendem os livros. Porém, se o sonho é ver a obra circulando fisicamente, o CEO e co-fundador do Clube de Autores, Ricardo Almeida, explica que a plataforma “fica mais que feliz em fazer parte dessa história.”

Como funciona?

Clube de Autores, Uiclap, Amazon Kindle Direct Publishing e Scriv possuem estratégias diferenciadas para oferecer a obra de um autor independente aos leitores, mas, em comum, prezam pelo menor custo e melhor experiência tanto para quem escreve, quanto para quem consome e, com esse objetivo, utilizam logísticas mais econômicas.


Clube de Autores

O Clube de Autores é uma plataforma que durante anos investiu no mercado literário independente. Mais de 58 mil autores já publicaram por meio dessa plataforma conhecida entre autores independentes.



A publicação gratuita, aliada à grande distribuição, garantiu uma certa consolidação no meio de autopublicação.

CEO do Clube, Ricardo Almeida lembra como se deu o começo desse movimento e as dificuldades que impulsionaram ideias para soluções ainda melhores. “Começamos a trabalhar de propósito com livro impresso, pois o e-book estava começando a acontecer. Se tivéssemos oferecido esse serviço, seríamos facilmente confundidos com as tantas que faziam dessa forma”, afirma.

Na época, Ricardo explica que a distribuição e os custos de impressão eram os principais desafios da empresa. “As livrarias exigiam uma margem muito alta e, quando trabalhamos com impressão sob demanda, ao imprimir um livro, o custo unitário é muito maior que uma tiragem de mil, dois ou cinco mil, por exemplo”, pontua o CEO.

Ricardo conta também que a margem exigida pelas editoras era tão alta que corria o risco de fecharem as portas ao fim da semana, pois seria um prejuízo enorme para a empresa.

Em meados de 2018 essa realidade começou a mudar. Hoje os livros impressos são vendidos por meio do próprio e-commerce ou via sites parceiros, como Amazon, Mercado Livre, Estante Virtual, Magazine Luiza. Já os e-books podem ser baixados pela plataforma exclusiva do Clube, a Pensática, ou por meios tradicionais, como a Amazon Kindle, Skeelo, Scribd, Google Play Livros, Apple Livros.

O próprio autor define o lucro que irá receber com o e-book. Já na modalidade impressa, investe apenas na quantidade específica de exemplares que deseja ter em mãos, por um preço mais acessível. Ao publicar de forma independente, “é necessário considerar os custos com a publicação. No caso do Clube de Autores, essa conta é feita automaticamente pelo sistema, ou seja, é tudo calculado com base nas dimensões, papel escolhido e número de páginas”, segundo o guia editorial da plataforma.


Uiclap

A Uiclap é uma plataforma que prega a democratização da leitura e literatura no Brasil e define os dias de hoje como a “Era dos Escritores”.

CEO e cofundador da empresa, Roberto Saad acredita que o mercado editorial está em expansão, pois o brasileiro gosta de ler. Os criadores da Uiclap compreenderam que a internet poderia ajudá-los a realizar o sonho de escritores independentes.

“Publicar um livro nos dias de hoje não deve ser difícil, todos devem ter uma chance e era isso que estava faltando para os livros impressos. Tinha de haver uma ferramenta de publicação de livros que não ganhasse em cima dos escritores, e sim junto a eles”, afirma Roberto Saad.

É simples ter um livro impresso pela plataforma. Basta publicar, escolher entre vender no próprio e-commerce ou juntamente a sites parceiros e aguardar a primeira compra. O lucro é destinado ao autor e a impressão é feita sob demanda. Roberto acredita que o processo simples tem mudado a vida de vários autores.

“Recebemos mensagem de gente com o livro guardado há quinze anos e não conseguia publicar. Você traz boas vibrações e motiva a pessoa, a tira de coisas negativas que estão na cabeça dela, até nas questões financeiras também”, conta Roberto.

O investidor relata também que pessoas humildes, ao terem o livro publicado e rentabilizando, viram que a renda fez diferença no orçamento.

E como o site é custeado? A Uiclap é remunerada somente no momento da transação, ou seja, não se pode prever uma porcentagem, pois o próprio autor determina sua remuneração por venda. Dessa forma, as tributações e encargos suportados pela plataforma também afetam o ganho do escritor, pois o valor final do livro considera impostos e taxas.

No momento em que o autor faz o upload da obra no sistema da plataforma e escolhe as especificações do produto, uma calculadora mostra o preço estimado por venda em cima do valor escolhido pelo autor. O valor já inclui descontos e taxas.


Amazon Kindle Direct Publishing

O KDP conquistou a indústria editorial com o serviço de publicação independente que, além de ajudar a democratizar a leitura, abre portas para escritores do mundo todo ao possibilitar uma audiência global.

Após finalizar a revisão e confecção da capa, é preciso criar uma conta na plataforma, preencher as informações solicitadas, aceitar os termos e condições da Amazon e informar a conta bancária para que a plataforma possa repassar a porcentagem do valor de vendas do livro.

Ao preencher as informações essenciais, o autor é direcionado para a definição do preço livro, habilitações para o e-book e restrições de vendas por região. E, pronto, basta conferir se a formatação está correta!

A plataforma dá a opção de o escritor ganhar 35 ou 70% de royalties (lucro) pela obra. O restante fica para a plataforma. Porém, para que o autor tenha os 70% de royalties, o preço do livro deve ser entre R$5,99 e R$24,99 e deve estar no KDP Select para e-books exclusivamente da Amazon. Isso dá mais visibilidade ao livro durante o período de 90 dias.


Scriv

A Scriv nasceu de uma dor de um dos co-fundadores: a de ser rejeitado por várias editoras com as quais tentou contato em vão.

Cansado de receber “nãos”, Leandro Navatta, formado em Programação, aproveitou seu conhecimento sobre sites e resolveu criar um ambiente onde as pessoas pudessem publicar sem ter que receber o aval de uma editora.

Uma comunidade totalmente online de compartilhamento de ideias, é como a Scriv se define. Conectando pequenos autores aos inúmeros leitores, gera oportunidade para os criadores de conteúdo literário terem um local seguro e democrático para escreverem poemas, histórias, crônicas, resenhas, contos e livros.

Integrante da equipe de marketing da Scriv, Anna Rihan explica que a publicação independente é apenas o primeiro passo de uma carreira inteira. “Temos um grande apego ao livro físico e publicar com uma editora ainda é visto como um sonho para muita gente, mas isso não é necessário para se começar uma carreira literária e nem sempre significa que, por meio de uma editora, o livro terá sucesso.

O autor que sabe usar as redes a seu favor tem muito mais chance de ter sucesso do que publicar com uma editora. Financeiramente vale muito mais a pena.”

Diferentemente do Wattpad, plataforma independente de origem canadense, a Scriv é “feita por brasileiros para brasileiros”, segundo o site da empresa. Uma das missões da plataforma é “buscar trazer de maneira mais facilitada a publicação dos escritos com uma boa experiência para os autores.”

É fácil publicar, basta criar um perfil na plataforma e clicar em ‘escrever’ no canto direito da página. Em seguida, escolher a opção ‘escrever um texto’ para dar início ao processo. O campo destinado ao texto é o local em que o autor pode expressar suas ideias. Nessa parte da escrita, tem a opção de adicionar parágrafos, subtítulos, listas, imagens, separadores de linhas e muito mais.

A Scriv não disponibiliza livro impresso, e todo o conteúdo pode ser acessado em seu site, de forma gratuita e intuitiva.

A Scriv não disponibiliza livro impresso. Todo o conteúdo pode ser acessado em seu site, de forma gratuita. Se o autor decidir cobrar pela leitura da publicação, basta definir o valor. Uma porcentagem de 30% desse valor é retida para manutenção da estrutura do site, custos envolvidos nas operações, servidores online, equipe de desenvolvimento e de marketing.


Fonte: reprodução das autoras

Fonte: reprodução das autoras

Publicação independente cristã: o gênero que tem conquistado corações

Apesar do preconceito, ficção cristã atrai autores e leitores pelo Brasil

Você sabe o que é ficção cristã? De forma direta, é uma literatura ficcional criada por cristãos que aponta para Cristo e o plano de redenção, mesmo que nem sempre de forma explícita.

As obras desse gênero, que sempre estiveram presentes na cultura literária, refletem a cosmovisão cristã e buscam inspirar, educar e edificar os leitores com narrativas que utilizam de elementos da fé cristã, segundo a escritora independente Gabriella Fernandes, autora da Trilogia Logos, uma série desse subgênero.

A série As Crônicas de Nárnia é composta por livros com temática cristã. O autor C. S. Lewis abordou de forma alegórica todo o plano de redenção e a representação da vida do cristão.


J. R.R. Tolkien, em Senhor dos Anéis, também traz elementos cristãos especificamente da fé católica.

Diferentemente, William P. Young traz, em de muitas de suas obras, como “A Travessia”, o universo cristão ao utilizar de histórias que mesclam o mundo cotidiano e uma narrativa surpreendente voltada a Deus.

A cada dia surgem novos leitores, pessoas curiosas pelos títulos e escritores com o desejo de criar e investir em suas próprias histórias. A possibilidade de publicação independente contribui também para que mais pessoas tenham acesso ao gênero e muitas outras possam compartilhar aquilo que escrevem.

Hervelly Santana, 18, natural de Goiânia, escreveu, editou, revisou e publicou seu primeiro livro sobre o mundo cristão de forma independente, por ser mais viável economicamente. Intitulada “Até Breve”, a obra é uma história de fantasia/ficção cristã, baseada em elementos da era vitoriana.


“Existe muito preconceito com a literatura cristã e eu quis fazer esse livro num aspecto que não trouxesse, de forma demonstrativa, Deus e o homem diretamente, mas de uma maneira que o leitor fosse, aos poucos, descobrindo sobre quem e do que estou falando. Cada expressão e palavra têm um contexto para Deus falar com aquela pessoa”, afirma Hervelly sobre a figura de Deus retratada em suas obras.

O preconceito ainda é um desafio enfrentado pelos escritores de ficção cristã nas prateleiras virtuais. Os próprios cristãos muitas vezes consideram o subgênero menos importante que um livro teológico ou acadêmico. Autora cristã de “Deixe Nevar”, Camila Antunes acredita que esta visão desestimula tanto quem lê, quanto quem escreve.

Hervelly lembra os desafios enfrentados e como se sentiu desamparada ao entrar em contato com muitas editoras na tentativa de publicar seu livro. Ela explica que as editoras tradicionais, e muitas delas cristãs, exigem um alto preço, além de outros requisitos da parte do escritor, que acaba desmotivado.

Você sabe o que é ficção cristã? De forma direta, é uma literatura ficcional criada por cristãos que aponta para Cristo e o plano de redenção, mesmo que nem sempre de forma explícita.

As obras desse gênero, que sempre estiveram presentes na cultura literária, refletem a cosmovisão cristã e buscam inspirar, educar e edificar os leitores com narrativas que utilizam de elementos da fé cristã, segundo a escritora independente Gabriella Fernandes, autora da Trilogia Logos, uma série desse subgênero.

A série As Crônicas de Nárnia, composta por livros com temática cristã, em que o autor C. S. Lewis abordou de forma alegórica todo o plano de redenção e a representação da vida do cristão, é um exemplo de sucesso do subgênero.


“O que muitas vezes acontece é que você manda um e-mail para as editoras e ele acaba não sendo lido e até mesmo indo para a caixa de spam. Às vezes muitos potenciais autores acabam tendo o sonho de publicar a sua obra indo para a gaveta pela não valorização”, desabafa.

Processo de produção

Hervelly lembra quais foram as primeiras etapas para a produção da obra. “Primordialmente, a Academia de Letras indica que um livro tenha ficha catalográfica e ISBN. Procurei cumprir esses primeiros passos e depois fui atrás de um revisor e de um profissional para fazer a capa do livro”, afirma Hervelly.

A autora escolheu a Amazon Kindle Direct Publishing para publicação, pois queria publicar apenas no formato e-book devido à maior facilidade oferecida pela plataforma. Ela explica também que se preocupou em equilibrar a mensagem cristã com a narrativa envolvente e universal para diferentes públicos.


Para desenvolver a linguagem utilizada no livro, mergulhou nas obras de Jane Austen e Lucy Montgomery. “Eu tive que estudar mais a respeito disso, em como dar mais detalhes a respeito da cena sem parecer enjoativo ou sem haver falta de elementos para que o leitor possa visualizar aquilo que eu visualizo escrevendo”, completa Hervelly com empolgação ao relembrar sobre o processo de criação de sua obra.


Sobre o livro:

O enredo se passa em uma cidade de agricultores comuns, em que Celeste e sua família vivem pacatamente. Após uma série de acontecimentos que a levou a perder o que considerava tudo de mais importante em sua vida, Celeste se vê desesperançosa e enfrentando conflitos internos. Porém, um livro misterioso aparece em sua cama e, em seguida, nota indícios de invasão e, sob uma observação mais profunda, sinais do que poderia ser um assassinato. A narrativa promete transportar o leitor à uma época distante, envolvendo espadas, guerras, conflitos e uma coroa.


Você sabe o que é ficção cristã? De forma direta, é uma literatura ficcional criada por cristãos que aponta para Cristo e o plano de redenção, mesmo que nem sempre de forma explícita.

As obras desse gênero, que sempre estiveram presentes na cultura literária, refletem a cosmovisão cristã e buscam inspirar, educar e edificar os leitores com narrativas que utilizam de elementos da fé cristã, segundo a escritora independente Gabriella Fernandes, autora da Trilogia Logos, uma série desse subgênero.

A série As Crônicas de Nárnia, composta por livros com temática cristã, em que o autor C. S. Lewis abordou de forma alegórica todo o plano de redenção e a representação da vida do cristão, é um exemplo de sucesso do subgênero.


Link para compra do livro de fantasia, do gênero ficção cristã, da autora Hervelly Santana. Amazon.com.br eBooks Kindle: Até Breve, Santana, Hervelly



Crônicas

A barrinha não venceu esse texto

Por Cecília Sampaio

Fonte: reprodução do Google

Uma nova aba do Word é aberta. A barrinha pisca em sua frente como um desafio: “escreva se for capaz”. Você é capaz?

Me pergunto há muitos anos sobre isso. Como leitora assídua, que sempre sonhou com seu nome estampando em uma capa com letras brilhantes, não sei se conseguiria.

Existem tantos relatos de pessoas que venceram aquela maldita barrinha e todos os próximos passos, porque não é só escrever o necessário para publicar um livro. Existe o durante, que é tão ou mais desafiador que a primeira palavra. Depois vem o pós, com inúmeros desafios que você nunca nem pensou que existiam.

Quando se é leitor, principalmente de grandes editoras, achamos tão simples publicar um livro. A editora fica com a parte pesada e para você resta ser original e criativo, mas isso é um equívoco. Na maioria das vezes, se for seu primeiro livro, nem editora você terá, afinal de contas, não te conhecem, ninguém sabe se aquela história vai vender

Não se sinta mal por isso. J.K Rowling, escritora da série de livros “Harry Potter”, considerada a mais vendida de todos os tempos, com 600 milhões de cópias de acordo com a editora Scholastic que o publica nos Estados Unidos, foi negada 12 vezes. Só a 13ª editora acreditou que a história de um órfão em uma escola de magia podia dar em alguma coisa!

“Isso te fez vencer a barrinha?”

As primeiras palavras de 6 romances já foram escritas, mas, como já dito, ela é só o primeiro desafio. O segundo medo é a autocrítica, não é à toa aquela frase “você é seu pior inimigo “.

A primeira vez que lê o que escreveu acredita ser bom. Na segunda, acha erros de português que te fazem questionar estar pronta para aquilo. A terceira leitura é que te mostra as pontas soltas, os erros críticos e personagens cheios de nada... Não estou te desmotivando. Se sentiu isso, leia novamente sobre J.K Rowling.

A verdade é que Harry Potter ficava com Hermione na primeira versão. Na triologia principal da “Seleção”, escrito por Kiera Cass, o príncipe morria na primeira versão e America ficava com o guarda. Na sua história também pode ter um erro como esse e você pode mudar a ideia inicial e seguir para a próxima etapa.

Você chega na conclusão do livro, depois de alterar o necessário e acreditar ter chegado lá, mas agora é a vez dos outros avaliarem seu trabalho. Frio na barriga e desespero... Se você pode ser tão crítica, imagina quem não sabe o que você está sentindo.

Lembre-se do orgulho quando escreveu as últimas palavras do último capítulo. É ele que te fará passar por isso. Ele e o desespero!

Você escreveu, mas, até publicar faltam revisão profissional, diagramação, capa e, o mais óbvio, como vai publicar?

Editoras são de difíceis acesso ou não parecem rentáveis o suficiente, mas independente não é caro e trabalhoso?

Se prezar por liberdade, optará por publicar independente e escolher cada detalhe. Passará noites checando se a diagramação bate, além de fazer orçamentos para avaliar se vale a pena produzir versões físicas ou o se o e-book já é suficiente. Depois precisa fazer marketing para vendê-lo, criar uma estratégia que faça os leitores se encantarem. Mas onde vai vendê-lo? Tem que pagar influencer para ler? E se começarem a pedir o próximo livro? E se flopar?

Se assinar com uma editora, pode contar com cláusulas que não concorda e conquistar vendas extraordinárias para fazer o livro realmente lucrar.

Até esqueceu da barrinha, não é?

Talvez isso aconteça com menos intensidade.

Para mim e minha mente ansiosa é dessa maneira, mas isso não é regra. Parece um passo a passo que não acaba e nunca vai acabar se não for vencendo cada etapa. Só de redigir isso aqui já me deu ansiedade, possivelmente uma pauta para quando voltar para a terapia...

Mas, no fim, meio que eu venci a barrinha, porque, pelo menos, essa crônica, eu escrevi.


Um show de cultura bem aqui

Por Cecília Sampaio

Faltavam pouquíssimas semanas para entregarmos os textos prontos para a finalização do TCC, quando foi anunciada a Feira E-cêntrica de Publicação Independente em Goiânia, Goiás. Era bem em cima da hora, mas não tinha como não tentar cobrir, então, entre uma entrevista em outra cidade e uma viagem no feriado, eu e Mariana fomos até lá.

Tínhamos um pouco de medo de não achar nada novo, de não conseguir entregar o material produzido a tempo e vários outros receios que o deadline apertado parecia só incentivar.

Mas chegamos ao evento e nos deparamos com o paraíso da publicação independente Era um show de cultura para qualquer lado que você olhava, nem sabia por onde começar. Eram livros, HQ´s, graphic novel, ilustrações, pôsteres...

Ademar de Queiroz, que estava na feira como autor e representante a livraria Tekoá, foi o responsável por nos ensinar muito mais sobre o assunto que achávamos estar “craques”.

A gente falava muito de e-book e ele nos mostrava edições que só faziam sentido em livro físico, como seu próprio livro “O baú do Menino Deus”, com textos também em braile. Ele nos contou histórias de várias edições, me fazendo inclusive levar um livro para dar de presente. Fazia muito tempo que não via tanta relevância no papel, porque não era só papel, havia algo a mais ali.

Realizado pela editora independente Nega Lilu, coordenada pela jornalista, escritora e editora Larissa Mundim, a feira destacou-se pela diversidade, qualidade e organização. A Vila Cora Coralina estava mostrando a importância da literatura, bem ali aberta ao público.

Eram trabalhos de 93 expositores independentes pela feira, entre editoras autores, ilustradores e outros. Não se tem uma estimativa de quantas pessoas estiveram lá, por ser um evento aberto, com entrada e saída não monitorada, mas 128 pessoas se inscreveram nas oficinas e cursos gratuitos.

A festa foi realizada justamente em outubro, mês em que Goiânia completou 91 anos. O livro “GYN sua linda”, do Wellington Martins, mostrava justamente essa beleza única goianense, a mistura do Art Decó e do contemporâneo. Enquanto olhávamos as fotos dessa cidade maravilhosa, mesmo sem ser “o Rio de Janeiro”, víamos lugares por quais sempre passamos, mas nunca parávamos para enxergar sua beleza: um ponto de ônibus ganhava um colorido e o tal “chifre do Íris” mostrava-se mais do que uma forma de organizar o trânsito.

Enxergar... Até aquela feira eu achava que já tinha estudado tudo o possível de publicação independente, mas aí notei que não sabia nem 1%. Talvez eu devesse estar mal no final desse texto, porque, apesar de escrever, sinto que ainda existe tanto não digitado, mas não dá tempo. Lembra do deadline apertado?

Se posso deixar um recado, que para mim virou aprendizado: olhe para o lado, olhe sua cidade. Vá enxergar a cultura daí, porque com certeza tem muita coisa boa que você não teve tempo de perceber e enxergar.